Estou deixando mais uma Redação nota Mil do ano de 2015, leiam com atenção.
O tema foi "A Persistência da Violência contra a Mulher
na Sociedade Brasileira". Dos 5.631.606 textos corrigidos, 104 obtiveram
nota mil. Outros 53.032 foram anulados e receberam nota zero.
Parte desfavorecida
De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode
ser comparada a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por
partes que interagem entre si. Desse modo, para que esse organismo seja
igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam
garantidos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno século XXI as
mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência de maus
tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do
sexo masculino e de punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo.
Ao longo da formação do território brasileiro, o
patriarcalismo sempre esteve presente, como por exemplo na posição do “Senhor
do Engenho”, consequentemente foi criada uma noção de inferioridade da mulher
em relação ao homem. Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o
sexo feminino de maneira diferenciada e até desrespeitosa. Logo, há muitos
casos de violência contra esse grupo, em que a agressão física é a mais
relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se que as
mulheres têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenciados por causa de
uma cultural geral preconceituosa. Sendo assim, esse pensamento é passado de
geração em geração, o que favorece o continuísmo dos abusos.
Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia
do sistema punitivo colaboram com a permanência das inúmeras formas de
agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam
não sendo tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da
Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas 33,4% dos casos julgados. Nessa
perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam violentando
as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas psicológicas
e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho.
A violência contra esse setor, portanto, ainda é uma
realidade brasileira, pois há uma diminuição do valor das mulheres, além do
Estado agir de forma lenta. Para que o Brasil seja mais articulado como um “corpo
biológico” cabe ao Governo fazer parceria com as ONGs, em que elas possam
encaminhar, mais rapidamente, os casos de agressões às Delegacias da Mulher e o
Estado fiscalizar severamente o andamento dos processos. Passa a ser a função
também das instituições de educação promoverem aulas de Sociologia, História e
Biologia, que enfatizem a igualdade de gênero, por meio de palestras, materiais
históricos e produções culturais, com o intuito de amenizar e, futuramente,
acabar com o patriarcalismo. Outras medidas devem ser tomadas, mas, como disse
Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou
nação. ”
Redação da estudante Anna Beatriz Wreden
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