Resumo da obra: Vidas Secas, de Graciliano Ramos




Vidas Secas (1938) é o último romance de Graciliano Ramos e o único narrado em terceira pessoa. Nele o autor descreve, de modo cru, a trajetória de uma família de retirantes nordestinos em busca de sobrevivência.

Os infelizes que caminham
Logo no início do primeiro capítulo, o narrador refere-se aos infelizes que caminham: Fabiano, sinha Vitória, os dois filhos do casal e a cachorra Baleia.
"(...) Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos."

Prisão e humilhação
A família se instala em uma fazenda abandonada. Com a volta das chuvas, volta também o seu proprietário, que após desmerecer a possível ajuda de Fabiano, acaba deixando-o ficar como vaqueiro, sempre lhe roubando no momento do pagamento, e sempre ameaçando despedi-lo.
Para agravar ainda mais a situação e a baixa auto-estima de Fabiano, um dia, na cidade, por causa de um mal-entendido, ele é preso e humilhado por um soldado local: o soldado amarelo.
Após um ano de sua prisão, Fabiano reencontra o soldado amarelo desprotegido e perdido na caatinga. Após um primeiro impulso de vingança e coragem, Fabiano apequena-se, curva-se e ensina o caminho para a "autoridade".
"Afastou-se, inquieto. Vendo-o acanalhado e ordeiro, o soldado ganhou coragem, avançou, pisou firme, perguntou o caminho. E Fabiano tirou o chapéu de couro.
- Governo é governo.
Tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensinou o caminho ao soldado amarelo."
Cabe aqui a importante tarefa de clarear as reais intenções do autor em denominar o soldado por "amarelo". Corrupto, oportunista e medroso, ele recebe esse nome por ser símbolo da repressão e do autoritarismo pelo qual é comandado, a ditadura Vargas, sendo essa sua suposta "força" totalmente dependente das ordens de governo, claramente ditatoriais analisando-se a atitude de Fabiano.

Baleia
Chama a atenção os filhos não receberem nomes próprios. São designados pelo narrador como: o filho mais novo e o filho mais velho; mas a cachorra tem nome: Baleia, e participa ativamente da vida da família.
Essa animalização dos personagens e a humanização da cachorra perpassam toda a obra e são perceptíveis pelas atitudes que cada personagem assume. 
Em algum momento da narrativa, com suspeita de hidrofobia, a cachorra Baleia é sacrificada por Fabiano, gerando grande tristeza à família.

Desfecho cíclico
Com a volta da seca, a família vê-se novamente no ponto inicial da narrativa: sem condições de permanecer onde está, e com chances precárias de encontrar algo melhor. Retomam a caminhada rumo ao incerto, proporcionando um desfecho cíclico, porém aberto para a obra.
COMPARTILHAR:

+1

2 Responses to "Resumo da obra: Vidas Secas, de Graciliano Ramos"

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

Projeto Calouro Indica